Pode ser a limpeza dos dentes ou a cirurgia que requer
atenção redobrada, se o cão precisar de anestesia, o ideal é realizar
exames prévios para diminuir eventuais riscos
Recentemente uma veterinária foi condenada em razão de uma tartarectomia (retirada de tártaro) que acabou gerando a morte de um poodle, o Fred, de cinco anos. O animalzinho faleceu devido a problemas causados pela anestesia, e o juiz considerou que deveriam ter sido realizados exames prévios – ao menos os de sangue- antes da médica dar sequência ao procedimento.
Nos Estados Unidos, uma Yorkshire chamada Sofie passou a
sofrer com problemas de coordenação motora e cegueira também devido a
complicações com a anestesia durante a castração, aos cinco meses.
Esses casos podem não ser comuns se levarmos em conta a
quantidade de procedimentos que envolvem anestesia e são feitos diariamente em
cães, mas um cuidado a mais nunca é exagero quando estamos falando de uma vida,
certo? Especialmente se houver possibilidade e tempo para se fazer exames
prévios.
Leve Seu Cachorro conversou com dois médicos
veterinários, o Dr. Eduardo Pacheco e a Dra. Verena Wallace, ambos do Hospital
Veterinário Santa Inês, em São Paulo, que foram unânimes em dizer que “cães com
contra indicação nos exames pré-cirúrgicos não devem ser submetidos, assim como
os que possuem doença pré-existente não compensada, onde procedimento
anestésico pode levar ao óbito”.
Segundo eles, exames de sangue (hemograma, ureia,
creatinina, ALT, glicose, albumina, potássio), tempo de coagulação em alguns
casos, eco cardiograma e ECG são de praxe. E caso o peludo tenha
comprometimento respiratório, o RX também é solicitado e, dependendo da
situação, outros exames mais específicos também devem ser pedidos. É preciso
avaliar caso a caso.
Como funciona e como é
escolhida a anestesia? – A anestesia se baseia na
utilização de fármacos que induzem à anestesia geral ou local ou, ainda,
promovem uma sedação. A grande maioria dos fármacos são os mesmos encontrados
nas anestesias utilizadas por nós, humanos. A única coisa que muda é a dosagem.
Para isso, o veterinário analisa o peso, a idade, espécie, status corpóreo,
exames físico, laboratoriais e cardíacos.
Tanto a anestesia injetável quanto a inalatória levam à
anestesia geral. “A inalatória é mais segura, pois mantém o paciente
constantemente com suprimento de oxigênio. Além disso, a recuperação anestésica
é mais rápida, o que leva a uma segurança maior. Já a injetável é utilizada em
procedimentos de curta duração (pequenas suturas, RX, biopsia, citologias),
indução para anestesia inalatória ou quando a médica veterinária que está na
sala de cirurgia está gestante”, explicam os veterinários.
Ao falar sobre a diferença entre local e geral, os
doutores salientam que “há casos em que a anestesia local é suficiente para o
procedimento, desde que haja uma sedação do paciente e que seja seguro para
ele. Um exemplo de anestesia local amplamente utilizada é a epidural, que
permite manipulações da cintura para baixo. Mas na grande maioria das vezes é
utilizada a geral, pela índole do cão”.
Para evitar complicações
– Para que os riscos sejam minimizados ao máximo, além dos exames
pré-operatórios o mundo ideal também deveria contar com acompanhamento
pós-cirúrgico do peludo, medição de parâmetros e, dependendo do caso, até
acompanhamento em UTI. “Com isso, o paciente tende a se estabilizar logo sem
maiores transtornos e pode seguir sua vida saudável, não tendo nenhuma sequela
e nem vindo a óbito”, explicam os médicos. Na prática, é mais ou menos como acontece
com um ser humano quando ele precisa realizar um procedimento cirúrgico ou algo
semelhante.
Os veterinários também afirmam que algumas medidas também
podem ser tomadas para preservar a saúde do cão e seu bem-estar geral. “Ao dono
cabe levar o cão para realizar visitas periódicas ao médico veterinário, fazer
a imunização, uso de dieta adequada à espécie, higiene, carinho e amor.
Do
veterinário cobra-se a postura ética, conhecimento teórico, dedicação e
profissionalismo”, finalizam.
Por Mariana Alves
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